"Atabaque: Da árvore à escassez da madeira.."

A exposição "Atabaque: Da árvore à escassez da madeira, o couro repousa protegido

perpetuado nos terreiros e tablados”, idealizada e com curadoria de Jéssica Martins,

coordenadora do Projeto Omodé, percorre algumas cidades de São Paulo com apoio do

Fomento CULTSP PROAC no 26/2024, na linha de Circulação de Exposição de Artes

Visuais, lançando luz sobre a potência simbólica dos tambores e dos atabaques como

expressões da espiritualidade afro-brasileira e da herança banto no Brasil.

Durante décadas, tambores e atabaques foram apreendidos, criminalizados e silenciados

como parte da repressão sistemática às religiões afro-brasileiras. Agora, esses instrumentos

ganham o protagonismo que lhes é de direito em uma exposição que os reconhece como

arquivos vivos de cultura, fé e resistência.

Entre os anos 1920 e 1930, mesmo com o Estado laico já estabelecido pela Constituição de

1891, religiões como a Umbanda e o Candomblé eram tratadas como práticas criminosas.

Velas, imagens, instrumentos e indumentárias foram sistematicamente apreendidos pela

polícia. Muitos desses objetos permaneceram, durante quase um século, sob a tutela do

Museu da Polícia do Rio de Janeiro como "provas de crime". Apenas em 2021, após

mobilização do movimento “Liberte Nosso Sagrado”, 519 dessas peças foram transferidas

para o Museu da República, enfim reconhecidas como patrimônio histórico e sagrado.

É a partir desse contexto que a exposição propõe uma escuta profunda: o atabaque,

guardião dos ritos e dos corpos em movimento, torna-se o fio condutor de uma narrativa

que atravessa séculos de apagamentos e resistências.

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