de 25 de novembro à 28 de novembro de 2024
segunda a quarta das 19:00 às 21:00
Várias opções de preço
A visão ocidental, por séculos, moldou a compreensão dos tecidos africanos, criando o que Achille Mbembe chama de “África Imaginada”. Essa perspectiva restritiva reduz o entendimento sobre o papel fundamental desses tecidos na construção de identidades individuais e coletivas, ignorando sua profunda função ancestral e espiritual para comunidades africanas e da diáspora.
No curso exploraremos como os tecidos tradicionais africanos, mais do que obras de arte, estão profundamente ligados aos contextos culturais e econômicos, refletindo tradições, rituais e valores ancestrais. Eles simbolizam identidade, status e espiritualidade e, na diáspora, ganham novos significados, funcionando como importantes símbolos de reconexão com a ancestralidade africana.
Encontro 1: A África Imaginada e seus impactos na percepção da arte africana.
Neste encontro, exploraremos o conceito do intelectual camaronês Achille Mbembe sobre como a África é projetada e imaginada pelo Ocidente. Refletiremos sobre a "exotização" e a construção de uma narrativa única sobre o continente, que ignora sua pluralidade cultural e estética, bem como o diálogo com a diáspora. Nesse contexto, discutiremos como a perspectiva apresentada por Mbembe interfere na compreensão das produções africanas, sejam elas no campo das artes visuais, escultóricas ou, principalmente, das têxteis, uma vez que a produção têxtil está incorporada ao continente africano desde a antiguidade. O linho e o algodão, por exemplo, foram fundamentais nas tradições africanas e representam muito mais do que simples tecidos.
Encontro 2: Tecidos Africanos no Brasil
Analisaremos o impacto cultural e histórico dessa troca, abordando como esses tecidos foram incorporados e adaptados na cultura afro-brasileira. Refletiremos sobre o papel desses tecidos na formação de uma identidade cultural afro-brasileira, preservando tradições africanas no contexto brasileiro, e seus desdobramentos contemporâneos, como a produção do African Wax Print (Tecidos Africanos Industrializados).
Apresentaremos a origem do Wax Print, sua adaptação e como ele se transformou em um símbolo de identidade cultural africana. Discutiremos suas relações com o processo colonial no continente africano, além das nuances de sua utilização no Brasil e sua contribuição para a construção de uma identidade afro-brasileira, preservando memórias ancestrais e fortalecendo o ativismo cultural.
Encontro 3: A presença da arte têxtil tradicional africana nas artes visuais com Renato Menezes
No encontro, o curador Renato Menezes apresentará os tecidos que compõem o acervo da Maison Gacha, integrando a exposição "Entre a cabeça e a terra: arte têxtil tradicional africana". Realizada em parceria com a Maison Gacha, de Paris, e a Fondation Jean-Félicien Gacha, de Camarões, a exposição traz uma seleção de peças que Renato conheceu em visitas a diversas regiões dos Camarões, onde dialogou com líderes e artesãos locais. Durante o evento, ele compartilhará detalhes sobre as seções da mostra, com especial destaque para o Ndop, um tecido tradicional camaronês, símbolo de identidade cultural, além de técnicas ancestrais de tecelagem e tingimento. Entre os destaques estão o uso do índigo nos tecidos e os elaborados tecidos produzidos com contas de vidro, que revelam o cuidado e a
sofisticação
da arte têxtil camaronense. Essas obras, além de resgatar saberes tradicionais, ampliam a compreensão do público brasileiro sobre o continente africano e revelam a influência estética e cultural das produções têxteis nas artes visuais contemporâneas.
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PINA - Pina Luz
de 25 de novembro à 28 de novembro de 2024
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