Fecha Corpo

A tradição do Fecha Corpo em Monte Alegre do Sul é datada e destacada, no que se tem registros, por volta de 1948, quando a escrava Nhá Sabá apresentou ao seu senhorio, o Sr. Zezé Valente, como era conhecido, em um momento em que o mesmo se encontrava enfermo, uma receita, que consistia em uma dose de aguardente (cachaça) com arruda ou guiné, onde se tinha o objetivo de livra-lo do mal olhado, da inveja e das energias negativas. Com a melhora e revigoração, o senhorio explanou sua experiência, e o que já era praticado pelos escravos, se popularizou no município e na região, e acabou por se tornar uma pratica comum. 

O Fecha Corpo então, passou-se a ser realizado no período conhecido pela Religião Católica como “Quaresma”, que remete aos 40 dias que antecedem a Páscoa, que marca a ressurreição de Jesus, período de reflexão, penitência e renovação da fé, e que é conhecido por alguns por vulnerabilidade espiritual. Já o costume de se usar arruda, guiné e outras ervas medicinais como proteção é bastante presente nas religiões africanas e culturas indígenas, o que faz tal tradição ser ainda mais impactante, visto que expõe o respeito e a aceitação entre as religiões, tornando o Fecha Corpo um marco de religiosidade comunitária única. 

A tradição é realizada até hoje pela família Valente, que ainda é proprietária da residência onde vivia o Sr. Zezé, sendo ofertada uma dose da bebida com arruda ou guiné, acompanhada de um pãozinho de aliche, e realizada também por vários dos alambiques e adegas espalhados pelo município, em sua maioria em fabricação artesanal e familiar, algumas delas premiadas, tornando Monte Alegre do Sul conhecida popularmente como Capital da Cachaça, e que atraem turistas e visitantes de diversas regiões do país para vivenciarem a tradição que por aqui é muito forte.