Pensar e repensar, fazer e refazer

Sobre o Evento
Em 23 de outubro de 2004, Emanoel Araújo (1940 - 2022) inaugurou o Museu Afro Brasil, um marco fundamental na valorização das contribuições afro-diaspóricas e africanas para a construção do Brasil. Ao longo de duas décadas, o museu consolidou-se como um espaço crucial para a criação de acervos, pesquisas e formação de profissionais da cultura, além de se tornar referência para interlocutores e demais interessados.
Ao retomar o texto "Um conceito em perspectiva", percebe-se que Emanoel Araújo, diretor do museu de 2004 a 2022, inicia sua escrita em um caminhar que reelabora, de forma constitutiva, não apenas o lugar do negro na sociedade brasileira, mas também o próprio fazer institucional, em uma premissa que entrelaça temporalidades, territórios e desejos que se organizam desde uma linha que nos conduz a países africanos, e também às estratégias e mudanças trazidas pela diáspora negra. Uma alternativa ao que é fixo, um espaço onde a população negra pode se reconhecer, frente às suas pluralidades.
O antigo diretor nos diz: "Pensar e repensar, fazer e refazer são os desafios que o Museu Afro Brasil tem de enfrentar, ao mesmo tempo em que os apresenta para a sociedade." Ao longo desse escrito, Araújo reflete sobre os desafios envolvidos na criação de narrativas sobre os negros no Brasil, sua imagem e seus movimentos. Como missão, Araújo compreende os acúmulos de sua pesquisa, que resultou na criação do museu, em uma perspectiva que pretendia unir História, Memória, Cultura e Contemporaneidade. Ele destaca a importância de romper com a narrativa única da dor, propondo um museu em constante transformação, aberto a leituras críticas e revisitações de marcos antes vistos como fixos. Nesta exposição, foram resgatados destaques das últimas duas décadas do museu, com foco em exposições que trouxeram contribuições significativas ao longo desse período. A intenção não é criar uma exposição cronológica ou exaustiva, mas, sim, situar obras e elementos do acervo em uma exposição sobre exposições, propondo novas configurações e percursos que renovam a prática curatorial do museu, que é, essencialmente, de constantes movimentos