"Orquestra" fotografias de Xirumba

Sobre o Evento
A ideia de orquestra, aqui, não se limita à imagem de um agrupamento musical. Ela é o princípio que organiza a diferença: a convivência entre sons graves e agudos, entre silêncios e explosões, entre instrumentos de distintas origens que, juntos, formam uma só pulsação. Para Xirumba, a rua é a partitura essencial, foi nela que aprendeu a tocar e nela afina continuamente o olhar. Suas fotografias não se apresentam como registros estáticos, mas como prolongamentos de um batuque coletivo. Rostos e gestos se dispõem como instrumentos dentro de uma cadência maior — aquela que são reinventadas por esses tantos ritmos, abrigando uma noção histórica e política frente às violências e aos lastros da colonização. O riso e o brilho que aqui se revelam são também fruto de muito trabalho coletivo, de horas repetidas que moldam o fazer e guardam a sabedoria de gerações. Não por acaso, esse cortejo atravessou também o Museu Afro Brasil, quando Emanoel Araujo convidou Xirumba a integrar seu acervo. A presença de suas imagens na instituição confirma o que já se intuía nas ruas, a fotografia cabe em qualquer espaço, compõe de dentro, compõe fora. Não perde compasso. Então, que soe o baque!